21/09 – DIA NACIONAL DA LUTA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

“Hoje o dia amanheceu sombrio. Já passa das três da tarde e encontro-me no saguão de espera do Tribunal de Justiça, Centro do Rio de Janeiro.
Há mais de um ano atrás, passei por uma situação de extremo constrangimento dentro de uma aeronave, no Aeroporto Santos Dumont, indo a SP, participar da Reatech, Feira de Reabilitação e Acessibilidade.
O despreparo das Companhias Aéreas ao lidarem com pessoas com deficiência e mobilidade reduzida – e seus equipamentos – é constrangedor.
Há histórias terríveis: pessoas impedidas de viajar por conta da cadeira motorizada, pessoas esquecidas na aeronave, pessoas descendo escadas sentadas.
Minha história é só mais uma no meio de tantas outras. As dificuldades no transporte aéreo são apenas uma gota no imenso oceano das barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência no Brasil e no mundo.
Hoje é um dia emblemático. É o dia Nacional de luta das Pessoas com Deficiência. Não é um dia Nacional de luta das Pessoas com Deficiência como os outros. A data acontece três dias depois do encerramento das Paralímpiadas no RJ.
Nós últimos dias, a cada conquista de medalhas pelos nossos atletas Paralímpicos, ouvia as expressões “super heróis”, “super humanos”.
Não. Não somos super heróis ou super humanos. Somos pessoas comuns, com necessidades idênticas às das demais pessoas e com algumas específicas, dependendo do tipo de deficiência.
Muitos superam as aparentes limitações por não pararem diante de tantas barreiras.
Não, não somos super heróis. Temos dificuldades de vencer muitas barreiras arquitetônicas. No entanto, acredito que a maior barreira a ser vencida é a atitudinal.
Dificilmente somos vistos e tratados como gostaríamos de ser: como pessoas que possuem suas limitações e que, muitas vezes, precisam de ajuda como qualquer ser humano, mas que precisam ter suas potencialidades respeitadas. SOMOS CIDADÃOS, HOMEM, MULHER, MÃE, PAI, FILHO OU FILHA. Pessoas com defeitos e qualidades. Pessoas que riem e que choram. Pessoas que amam e odeiam.
Não somos super humanos, não somos coitados, somos simplesmente HUMANOS.”

Texto escrito por: Clara Migowski, mili-tante da causa da PCD e presidente da Acadim – Associação Carioca de Distrofia Muscular

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